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Volkswagen Delivery Express, um caminhão disfarçado de picape

O Volkswagen Delivery Express tem cabine, chassi, motor e câmbio de caminhão. Mas, aos olhos da lei, é uma picape média

Se a Volkswagen Amarok é um carro de passeio disfarçado de picape, o novo Volkswagen Delivery Express é um caminhão disfarçado de picape. Menor integrante da nova geração dos Delivery, o Express é o primeiro caminhão Volkswagen que pode ser dirigido por motoristas comuns, com habilitação B. O segredo está no peso bruto total (PBT), a soma do veículo com sua capacidade de carga.

A carteira B permite dirigir veículos com até oito passageiros e que não excedam os 3.500 kg – que é justamente o PBT homologado do Delivery Express (o PBT técnico é de 4.000 kg). Em outras palavras, quem dirige um Gol ou uma Amarok pode dirigir o Express, mas não pode dirigir uma RAM 2500, que tem PBT de 4.536 kg. Quem quiser trabalhar dirigindo o Express só precisará incluir na habilitação que exerce atividade remunerada, mesma exigência para taxistas e motoristas de aplicativos como Uber e Cabify.

Para a legislação, o Express é como um Kia Bongo ou um Hyundai HR. Paga o pedágio de automóvel e não tem nenhuma restrição de circulação em cidades ou estradas – nem mesmo de velocidade. Porém, é obrigado a ter freios ABS, airbags frontais (o do carona, com 160 litros, é o maior da América Latina por conta do tamanho da cabine) e cintos com pré-tensionadores – em 2022, deverá ter controle de estabilidade (ESP).

A versão Trend ainda traz de série ar-condicionado, direção hidráulica, piloto automático, leds diurnos, faróis de neblina e retrovisores elétricos. Você não entra no Delivery Express, você sobe. Os degraus de acesso ficam escondidos pelas portas, estratégia comum em caminhões modernos para melhorar a aerodinâmica e dificultar assaltos. A cabine com espaço confortável para três ocupantes é igual em todas as versões (a maior tem PBT de 13,2 toneladas). Ampla, ela permite caminhar de um lado a outro dela sem dificuldades, pois a alavanca de câmbio fica bem próxima dos assentos. Há vários porta-objetos. No teto, há uma prateleira e nichos que poderiam ser ocupados por um rádio PX, por exemplo. Divisórias atrás dos bancos organizam os objetos colocados ali. E ainda é possível rebater o banco do meio e usar ele como mesa de anotações ou para apoiar comida e garrafas.

Os bancos com espuma firme são característicos dos automóveis da Volkswagen, mas só nos caminhões usam tecido que repele água. O encosto vertical, o volante enorme, os pedais separados pela coluna de direção e o fato de estar sentado sobre o eixo dianteiro só me lembram um Volks: a Kombi. Mas os comandos de acendimento dos faróis, botões do ar-condicionado e o quadro de instrumentos parecem ter saído de um Fox. São peças parecidas, porém mais robustas e duráveis.

A Volkswagen Caminhões diz que usar exatamente os mesmos componentes de automóveis impõe custos extras. A haste da seta é um dos poucos componentes de fato iguais. Viro a chave no contato e o motor acorda. Em vez dos 2.0 ou 3.0 TDI da Amarok, quem vibra embaixo de mim é um 2.8 quatro cilindros turbodiesel Cummins ISF. São 150 cv e 36,7 mkgf comandados pelo câmbio manual de seis marchas da Eaton – que tem até tomada de força para operar uma prancha de reboque, por exemplo. Não há capô: para ver o conjunto mecânico, levanta-se a cabine inteira soltando duas travas de segurança, uma interna e outra externa.

Motorista de caminhão tem de ter paciência: ou os outros motoristas não permitem mudar de faixa ou se jogam na frente imaginando que o Delivery será lento, embora sobre força ao 2.8, que equipa até a versão com PBT de 5,8 toneladas. Na pista de testes, seu 0 a 100 km/h em 20,3 s não surpreendeu (a medição foi feita sem o lastro), porém a retomada de 60 a 100 km/h em 10,7 s foi apenas 1 s mais lenta que a do VW Up! TSI. Mas o consumo decepciona quem está acostumado com picapes e SUVs diesel: 5,4 km/l na cidade e 7,8 km/l na estrada, bem pior do que um Troller (8,9 km/l e 10,9 km/l).

Veredicto

O Delivery Express é mais um veículo criado pela legislação. Serve bem para o transporte de volumes grandes, mas não tão pesados.

Teste de pista

  • Aceleração de 0 a 100 km/h: 20,3 s
  • Aceleração de 0 a 1.000 m: 40,8 s – 128,3 km/h
  • Retomada de 40 a 80 km/h (em D): n/a
  • Retomada de 60 a 100 km/h (em D): 10,7 s
  • Retomada de 80 a 120 km/h (em D): 19,1 s
  • Frenagens de 60 / 80 / 120 km/h a 0: 19,8 / 34,7 / 81,6 m
  • Consumo urbano: 5,4 km/l
  • Consumo rodoviário: 7,8 km/l
  • Ficha técnica – VW Delivery Express
  • Preço: R$ 150.700
  • Motor: diesel, diant., longit., 4 cil, 16V, turbo, 2.776 cm3, 150 cv a 3.500 rpm, 36,7 mkgf de 1.400 a 2.800 rpm
  • Câmbio: manual, 6 marchas, tração traseiraSuspensão: Duplo A (dianteira) eixo rígido (traseira)
  • Freios: disco ventilado nas quatro rodas
  • Direção: hidráulica
  • Rodas e pneus: 205/75 R16
  • Dimensões: compr., 624 cm; largura, 202,5 cm; alt., 237,6 cm; entre-eixos, 260 cm; peso, 2.015 kg; capacidade de carga sem implemento: 1.485 kg; PBT homologado, 3.500 kg; PBT técnico, 4.000 kg; tanque, 80 l

Fonte: Quatro Rodas